Igrejas que ensinam a pegar em serpentes como teste de fé ainda existem Movimento controverso alcançou seu ápice na década de 1950
Para muitos eles são uma seita, embora eles digam que seguem a Bíblia. Surgido no início do século passado, o movimento de igrejas dos “manipuladores de serpentes” ainda resiste no estado da Virgínia Ocidental, EUA, único lugar onde a prática ainda é legal. Nos outros estados onde havia a prática, Kentucky e Tennessee, foi proibido esse tipo de culto.
O lançamento recente do livro Test Of Faith: Signs, Serpents, Salvation [Teste de Fé: Sinais, serpentes e salvação] trouxe à tona novamente o debate sobre o hábito de se usar cobras vivas e beber veneno em cultos para provarem que Deus está com eles. Um fotógrafo que passou meses convivendo com o pastor Mack Wolford, que morreu picado por uma cascavel dentro de sua igreja.
De acordo com o dr. Ralph Hood, professor de psicologia da Universidade do Tennessee e estudioso do movimento pentecostal dos pastores “manipuladores de serpentes” explica que essa a prática se popularizou por volta de 1909, tendo seu apogeu nas décadas de 1950, quando reunia milhares de membros.
Contudo, foi perdendo popularidade e hoje existem cerca de 100 igrejas que insistem na prática, a maioria delas são congregações muito pequenas, com uma média de 10 membros, que geralmente se reúnem nas casas dos líderes.
Essa ideia de que o uso de serpentes no púlpito são uma demonstração de fé vem de uma interpretação restrita de Marcos 16: 17-18: “Estes sinais seguirão aos que crerem: Em meu nome… pegarão nas serpentes; e, se beberem alguma coisa mortífera, não lhes fará dano algum”.
O relato histórico dá conta que foi o pastor George Hensley que deu início à tradição. Ele pregava em igrejas pentecostais onde as libertações de demônios e as curas eram comuns, bem como as línguas estranhas. Ele passou então a pregar que a parte sobre as serpentes, que eram comuns na região onde ele vivia, também eram válidas para os dias de hoje.
Começou a usar uma cascavel, que levava para o templo em uma caixa, no final de suas mensagens como “prova” disso. Ela era passada de mão em mão entre os fiéis. Em pouco tempo outros pregadores adotaram a prática, levando cobras venenosas para a igreja e desafiando os membros a segurá-las como demonstração de fé.
Contudo, com o passar do tempo ocorreram mortes em consequência disso e muitas pessoas foram abandonando as congregações. Os mais radicais diziam que era uma questão de fé e insistiam na prática. Em outras igrejas, seguindo a mesma lógica, veneno de serpente ou pesticidas eram bebidos nos cultos. Novamente, após algumas mortes a polêmica só cresceu.
Alegando confiar na proteção de Deus, os pastores manipuladores de serpentes dizem não acreditar que morrerão se forem mordidos. Mesmo assim, o Dr. Hood, que acompanha esse movimento há mais de 30 anos, diz que viu pastores sendo mordidos e se negando a procurar ajuda médica, dizendo apelas: “Senhor, seja feita a vossa vontade”.
“Eu vi pessoas morrerem calmamente alegando até o fim que, da sua perspectiva, Deus as estava chamando de volta para casa”, relata Hood.
Mortes famosas
O caso mais dramático de morte por envenenamento foi o do pastor Mack Wolford. Durante anos ele usou uma cascavel em suas pregações. Aos 15 anos ele vira seu pai, outro pastor “manipulador de serpentes”, morrer após ser picado por uma cobra. Mesmo assim, ele sempre defendeu aquilo como uma demonstração dramática de sua fé no poder divino. Algumas vezes ele pisava na cabeça da serpente, para ilustrar sua pregação. Até que foi mordido na coxa, durante um culto ao ar livre, em 2012.
Não tinha sido a primeira vez. Aos 44 anos, ele tinha sobrevivido a pelo menos quatro mordidas de cobras. Wolford não aceitou que chamassem um médico e foi para casa, onde durante nove horas agonizou em consequência do envenenamento. Na era da internet, seu caso foi noticiado em grande parte do mundo, quando a família começou a usar as redes sociais para pedir oração por ele.
Os seguidores desta pequena, mas devota tradição pentecostal americana, não gostam de falar sobre as mortes. Porém, há registros de mais de 100 mortes documentadas por picadas de cobras. De certa forma, é uma resposta aos seus críticos de que não é um “truque” e que as serpentes são reais. Ao mesmo tempo, afastaram muitos dos antigos seguidores.
Conforme mostra o livro sobre o movimento. Após a morte de Mack, seu irmão Chris assumiu o ministério, continuando a tradição da família. Para eles, é uma questão de fazer “o que a Palavra diz”.
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